Acordei, Jeann estava do meu lado. Sua mancha
negra no canto dos olhos era inconfundível. Bocejei, estiquei o braço livre
enquanto ajeitava o outro de baixo da cabeça da adormecida. Ela se mexeu e fez
menção a acordar, mas não acordou. Me senti confortável daquela maneira, me
estiquei e fechei os olhos, ia voltar a dormir. Antes que eu pegasse no sono,
uma sensação ruim me tomou, senti que meus sentidos estavam perdendo suas
funções, meu corpo parecia estar mais leve, porém um mal estar terrível me
assolava, foi então que senti minha mão ser puxada e meu corpo gelou por
inteiro. O quarto estava escuro e eu não conseguia ver nada, fechei os olhos
com força e com muito esforço consegui dormir.
Acordei novamente levando murros e socos na
cara, Jeann estava fora de controle. Ela segurava o meu celular com as conversas
de outras mulheres, e seus olhos estavam cheios de água. Ela tinha descoberto
infelizmente, mas eu sabia que essa hora chegaria.
- Seu filho da puta, eu sabia que estava de
conversa com essas VAGABUNDAS!
Ela gritava enquanto tentava acertar meu rosto,
estava totalmente fora de si.
- CALMA, FIQUE CALMA, NÃO PRECISA DE TUDO ISSO!
– eu tentei acalma-la.
- NÃO PRECISA? SEU CACHORRO, DESGRAÇADO, EU TE
ODEIO, SAIA DA MINHA CASA, E LEVA SUAS VADIAS JUNTO COM VOCÊ! – ela disse
jogando meu celular em mim.
Peguei o celular, olhei para a tela, e lá
estava, todas as conversas com minhas leitoras. A fonte de ouro tinha virado
minha cova, a hora havia chego. Se estivesse acontecendo há alguns meses atrás
eu teria tentado virar o jogo e teria feito de tudo para que ela continuasse
comigo. Talvez mentiria até a ultima instancia, ou inventaria algo
cabulosamente dramático ao ponto de fazer ela permanecer comigo. De alguma
maneira eu daria a volta por cima como sempre fiz, mas senti que era o nosso
momento de se separar e que ela tinha razão em colocar tudo pra fora, eu era um
canalha, merecia todas as porradas.
- Pode me bater, eu mereço. – me postei de
fronte a ela.
Seus olhos estavam vermelhos sangue, sua boca salivava
formando bolhas de saliva nos cantos e suas mãos estavam fechadas, os punhos da
vingança. Eu não conseguia prever o que ela poderia fazer. Jeann era louca de
ciúmes, uma maluca total, ela se transformava quando sentia qualquer tipo de
ameaça, e quando o assunto era o seu homem, ela tinha suas armas, e aquelas
mãos faziam estragos. Eu sempre ficava muito ligado quando elas se fechavam,
eram os punhos da justiça Jeaniana!
- Caí fora daqui ou eu vou te matar de tanto
bater!
- Eu mereço, está tudo bem, pode bater.
Fechei os olhos e aceitei a situação. Mesmo que
ela quebrasse a minha cara, eu merecia, essa era a melhor maneira de poder me
deitar tranquilamente com outras mulheres. Senti as mãos dela me acertando,
eram pancadas fortes, com o punho na diagonal, ela lutava feito um homem. Meu
corpo foi pensando para trás com a pressão dos socos e então esbarrei no guarda
roupa, fiquei pressionado contra ele enquanto ela descia o pau em mim.
- SEU CACHORRO, FILHO DE UMA PUTA!!!!
Ela gritava e batia sem pausa. Comecei a pensar
em como escapar, não poderia apanhar o dia inteiro. Segurei os braços de Jeann
com muito esforço e olhei bem nos olhos dela.
- Pronto, está acabado, a culpa foi toda minha,
não podemos mais continuar e eu não fui justo com você, agora vou pegar minhas
coisas e vou embora.
Ela continuou tentando em acertar, só que não
utilizava mais suas forças, seu corpo começou a ficar mole e seus olhos se
encheram ainda mais de lagrimas.
- Não chore por mim, não vale a pena, realmente
sou o canalha que você tanto enxergou, deve ficar feliz...
Seu choro me interrompeu. Em pouco tempo ela
estava se debulhando em lagrimas. Eu juntava minhas roupas em uma sacola
enquanto ela puxava os cabelos. Sua cara estava engraçada, sua boca fazendo
bico e toda babada, as lagrimas escorrendo e caindo sobre seus seios fartos,
deixando a blusinha branca toda transparente. Tentei disfarçar, mas seu decote
estava todo transparente e o bico do peito entrou em evidencia. Não usei a
cabeça, ataquei por causa do instinto humano mesmo, eu era um idiota errante.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, SEU IDIOTA, NÃO
FALEI PARA IR EMBORA?
Ela voltou a me esmurrar enquanto eu tentava
chupar seus peitos. Eu não tinha tanta culpa assim, eram imagens e momentos que
me atraiam e um peito nunca deve ser negado.
- Deixa eu chupar, só um pouco...
Tentei convencê-la, mas ela estava realmente
fora de si, me empurrou com tudo para a parede e veio para cima de mim. Aquele
poderia ser meu momento final, fechei os olhos e aguardei pelo meu fim, queria
pelo menos ter tomado um trago antes. Meus livros seriam publicados em minha
memória, e eu finalmente me tornaria um escritor famoso, como todos os melhores
são depois de suas mortes. Vida cruel essa que eu escolhi.
- ME BEIJA, SEU PUTO! – gritou Jeann.
Nos beijamos e eu só me entreguei porque a
sensação de viver falou mais alto, e eu era muito jovem para deixar essa vida.
O gosto do beijo era de repulsa, como se fosse o ultimo para nunca mais, nem
pintado de ouro. Segurei sua cabeça e ela parou de me beijar.
- NÃO TOCA EM MIM SEU PORCO SUJO, NÃO TOCA EM
MIM COM ESSA MÃO QUE PASSOU POR TODAS ESSAS CACHORRAS SUJAS!!!!
Me arrependi de ter avançado. Ela se aproximou
de novo e me beijou, roçava o corpo em mim, e o pano fino da sua roupa passou a
ser pele com pele com a minha. Era difícil eu ficar ereto com facilidade no
nosso relacionamento, acho que tínhamos nos desgastados nas inúmeras vezes que
nos amamos e por isso minha dificuldade, porém, naquele momento de perigo e
adrenalina, meu pau espichou e cutucou o monte de Venus dela.
- NÃO ENCOSTA ESSE PINTO SUJO EM MIM, SAI FORA
DA MINHA CASA!
Ela não parava de gritar, com certeza não
queria nenhuma tipo de toque que não fosse minha boca. Nos desvencilhamos mas
ela me segurou.
- VOLTA AQUI, ESTAMOS NOS BEIJANDO SEU GROSSO!
- Chega de loucura Jeann, preciso ir embora.
...
Desci a ladeira e podia ver o terminal de
longe. Aquela rua com sua subida íngreme até o apartamento de Jeann não seria
mais meu trajeto, eu estava livre da torre de babel, mas que iria me consolar? Por
causa do namoro eu havia deixado muitas mulheres de lado, e quantas não tinham
desistido de mim? Muitas, muitas, e com todos os motivos do mundo. Me lembro da
minha amiga que me mandou uma mensagem de bom dia quando eu estava na praia com
Jeann, alguns dias depois do natal. Ela estava de costas para mim penteando seu
cabelo, quando recebi o bom dia, naturalmente que apaguei na hora, ia ser um
martírio ter que explicar para Jeann que era apenas uma conhecida e que não
tinha nada demais em uma mulher me desejar um bom dia. Ela entrou no banheiro e
eu me deitei na cama, fiquei esperando-a, íamos descer para a praia em pouco
tempo, quando ela saiu do banheiro com a cara fechada, calada, e deitou do meu
lado na cama, e com toda a calma do mundo – aquela calma que só a raiva
proporciona – e me perguntou:
- Quem era a VACA que te mandou mensagem e você
apagou, seu PUTO asqueroso?
- Calminha ai, Baby, era só uma amiga.
- E porque você apagou a PORRA da mensagem, já
que era só a porcaria de uma AMIGA?
- Para evitar isso que estamos tendo agora
mesmo, não queria que tu visse pra não estragar a nossa viagem, estávamos indo
tão bem.
- Estávamos mesmos, falou certo, agora já era,
vamos embora.
E lá se foi nosso final de semana no Guarujá,
aquele ciúmes um dia ainda nos mataria e eu não queria ser o enterrado da
história, então quando ela descobriu, eu mesmo peguei a pá e enterrei o
relacionamento que já estava em frangalhos.
Parei em um bar de esquina, pedi uma cerveja e
ascendi um cigarro. O sol tava se posicionando no céu e iria ser um dia quente.
Desci os olhos das nuvens e vi uma mulher descendo correndo a ladeira, estava
descalça, com os cabelos desdenhados voando, pernas a mostra e mãos levantadas,
trazia algumas mudas de roupa que não consegui identificar, ela me parecia
familiar, aquela cintura formosa...
- TOMA AQUI SUAS TRALHAS ANTES QUE EU TAQUE
FOGO SEU VEADO!
Jeann tinha feito a gentileza de me trazer as
peças que eu havia esquecido, ela era tão gentil a ponto de comover qualquer
um. Se aproximou de mim e jogou no meu colo as roupas.
- Pronto, entregue, quer um copo? – Perguntei
sarcasticamente a ela.
- BEBA ESSA CERVEJA PELO CÚ, SEU DESGRAÇADO.
- Você quem manda, baby.
Peguei
meu copo e brindei no ar. Jeann pegou um copo e apontou para mim, eu me senti surpreso,
ela finalmente iria beber cerveja. Enchi o copo e tentei brindar de novo,
quando ela me surpreendeu jogando a cerveja na minha cara.
- TA AÍ SUA CERVEJA, AGORA VAI FEDENDO ATRÁS
DAS SUAS CACHORRAS.
Jeann deu meia volta e subiu correndo de volta a
torre de babel, e eu torci para que fosse a ultima vez em que veria suas
loucuras.
- Barra pensada hein, rapaz? – disse o dono do
bar atrás do balcão.
- Ela já esteve em dias melhores, foi traída,
coitada.
O bigodinho do balconista expressava muita
experiência com mulheres loucas, então eu não tinha muito o que falar para ele.
Conhecíamos bem esses momentos rápidos e doloridos para a nossa moral. Tomei
minha cerveja e segui meu caminho, ia ter um dia de meio período no escritório.
Quem trabalha em pleno dia um de janeiro, vida de corno.
Voltei para casa do serviço. Mo rava em uma rua
sem saída muito movimentada e barulhenta, era um quintal de mais de dez casas.
Por fora não era muito bonita, mas por dentro era aconchegante e bem limpa, ser
pobre não quer dizer ser sujo, isso eu sabia bem. Fechei a porta e senti que
estava mais leve, não tinha mais o peso nas costas de ter que esconder quem eu era,
e nem de levar uma responsabilidade nas coxas, enquanto errava e “pecava”,
contra uma pessoa que não merecia essas atitudes. Infelizmente eu e Jeann não
dávamos mais certo. Fui até a geladeira e vi o quanto ela estava velha, marrom
clara e com a borracha gasta, abri e peguei uma cerveja, eu tinha um amor muito
grande pelas cervejas, não tinha mulher nenhuma no mundo que conseguia me
afastar delas.
Jeann não bebia cerveja, e nem gostava muito de
outras bebidas, isso era um sinal desde o começo, mas eu decidi que enfrentaria
mesmo assim, eram muitas diferenças entre nós. Ela era devota e religiosa, e eu
não. Ela gostava de ler sobre espiritualismo e eu sobre sexo, tudo ao
contrario. Só que mesmo não tendo essa harmonia entre os gostos nos dávamos
muito bem na cama, ela tinha um fogo que me deixava maluco, e muita energia pra
gastar. Fudiamos o dia todo se deixasse.
Fui com minha garra até a mesa do computador e
me sentei. Era bom estar em casa. Liguei o som, coloquei Jazz, tomei um gole,
ajeitei o teclado, e senti que éramos só nós dois, o meu melhor companheiro,
aquele a quem nunca me abandonaria, e quem eu não conseguia abandonar. Mesmo
com toda as suas teclas e funções, eu o entendia, não tinha complicação
nenhuma, não gritava comigo, não sangrava feito uma cachoeira sete dias no mês,
não me pedia presente caro e nem me impedia de tomar minha cerveja. Muito pelo
ao contrario, eu, minha cerveja e ele éramos os melhores amigos.
A tela ficou clara e eu comecei a tocar nos
botões, cada um com uma letra, e cada letra formando as frases. E eu de volta
para minha vida boemia e solitária, agora seria só eu e as historias, nada de “FILHO
DA PUTA, TRAIDOR, COVARDE, MALANDRO”, nada de desconfiança ou breja jogado fora
na minha cara.
Quando um cara sai de uma relacionamento que
tinha durado mais do que três meses pelo menos, ele não está mais dentro da
atualidade do mundo da azaração, A mulher tem um domínio tão imenso sobre um
homem submisso que ele é capaz até de parar de gostar de mulheres a pedido
dela, não duvidem, isso realmente acontece.
Dei mais um gole, e parei para prestar atenção
no Billy Paul, ele ia entrar em cena, para fazer sua melhor performance com “Me
and Mrs Jones”, essa música era a trilha sonora solitária minha comigo mesmo no
meu namoro com Jeann, eu tinha escrito um conto sobre nós onde eu alterava o
nome da música para “Me and Mrs Jeann”, eu não tinha certeza se ela tinha
percebido quando lancei o livro, mas estava lá e isso que importava.
Temos que ficar ligados. Mulheres nos cobram o
tempo todo e nos criticam quando não prestamos atenção sem querer nos detalhes,
mas elas não entendem que não temos tanta percepção assim para coisas tão
fúteis, ou tempo para gastar encontrando detalhes em maquiagem, roupas e unhas
pintadas de marfim. O estranho é que as mesmas que lutam por um mundo com
homens mais atenciosos e cheios de firulas não conseguem captar os nossos
detalhes, e se nos damos o luxo de acusá-las da mesma maneira que elas fazem
com a gente, entramos na posição de machista, pois tudo que não as agradam é
relacionado a machismo, e cá pra nós, eu to pouco me fudendo para opinião de
meia dúzia de ciumentas e carentes, que querem causar com você na primeira
semana de relacionamento. Jeann precisava de um psicólogo e não de um namorado,
ela errou de pessoa.
Billy Paul ia fundo, elevando suas cordas
vocais no refrão
“Me and Mrs. Mrs. Jones
– Mrs. Jones – Mrs. Jones – Mrs. Jones
we've got a thing going
on.
We both know that it's
wrong,
but it's much too
strong
to let it go now.”
Um gênio do Jazz, acalmava meus nervos quando
alguma mulher me tirava do sério. Bebi mais um gole e bati nas teclas. O dia
não poderia terminar melhor, mas até que meu celular tocou.
- Alô?
- Oi meu escritor favorito...
- Oi, tudo bem?
Por mais que eu não soubesse quem era nas
ligações eu nunca perguntava, pois sentia sendo indelicado. A pessoa do outro
lado da linha tinha que sentir sendo reconhecida.
- Estava pensando aqui, porque você não vem pra
cá tomar umas brejas?
Era a voz doce da Cheer, ela conseguia
pressentir quando as coisas não estavam bem, era incrível aquele senso de
adivinhar o que acontecia comigo.
- Vou sim, coloque elas pra gelar, baby.
Cheguei na casa dela, ela me esperava na
portaria. Subimos as escadas e eu não pude me conter, apertei aquela bunda
redonda que tanto me seduzia. Eu sabia que mostrar afeito para Cheer a fazia
feliz, pois um garotão da minha idade aumentava a sua moral. Ela com seus 46
anos não era de se jogar fora, muito pelo contrario, tinha um corpo esbelto,
com tudo em cima, peitos redondos e com picos largos. Cintura fina e bunda
redonda, monte de Venus inchado e coxas grossas. Era o tipo de coroa boa de
cama e que dava gosto de ter do lado. Sem contar sua cabeleira ruiva que lhe
dava um Q a mais de ternura, eu sou apaixonado por ruivas.
Sua filha estava na cozinha, Cheer precisou
chamar a atenção da jovem para me cumprimentar, eu não fazia muita questão, só
não gostava de não ser bem vindo, mas da pequena eu já esperava o pior. Não
tinha sido um bom rapaz com sua mãe. A enganei quando comecei o namoro com
Jeann, e depois enrolei-a muitas vezes, e mesmo assim ela continuava do meu
lado, eu não tinha como explicar o porque de tudo aquilo, e nem como ela
conseguia esquecer tudo de ruim que eu fazia, mas poderia ser a hora de dar
valor.
Ela desceu e pegou algumas cervejas no congelador
e nos trouxe. Eu comia uns amendoins crocantes e ouvia Rock. Cheer tinha um gosto
surpreendente parecido com o meu para música. Ouvia Desde Aerosmith, Bom Jovi,
Creed, Ramones, Bee Ges, Coldplay, Oasis e outros, mas sem contar as bandas
nacionais, Bruno e Marrone era a nossa favorita.
Eu ouvi o barulho da sua rasteirinha subindo
pela escada em espiral de ferro, era inconfundível aqueles intervalos de tempo
em que ela levantava a sola de um pé para pisar com a outra. Sentou ao meu lado
e voltamos a conversar. Tomamos nossa cerveja e me levantei, puxei ela pelo
braço e levantei seu vestido. Ela sabia que hora era aquela, era hora do PAU. Estava
sem calcinha como eu gostava, baixei minhas calças e menti na sua buceta, já
estava molhada, Cheer sentia um tesão enorme por mim, nunca precisamos de
preliminares para nos umedecermos.
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OBRIGADO!
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