“Você e eu, fazendo
amor como gorilas”, a apresentação arrancava gritos da platéia. Era noite de
apresentação artística erótica. Eu tinha preparado uma poesia bem especifica
para ler. Line estava comigo, gostava de poesias e do clima caliente dessas
boates. Nos sentamos no nosso lugar indicado no ingresso.
- Olha ali, aquela moça estuda comigo –
disse Line apontando para um canto escuro do lado do palco – eu sabia que ela
era metida com essas coisas.
- É muito bonita por sinal. – respondi.
- Você não sabe... ela se diz religiosa para
as pessoas, mas eu sabia que tinha algo por trás da máscara, hahahahaha.
“You and me baby making love like gorillas”.
O som detonava nossos ouvidos. Mulheres eram capazes de se excitarem com
simples musicas e versos, a noite estava pra mim.
- Será que ela vai se apresentar?
A moça que a Line falava era Izabella, usava
espartilho e sinta liga – isso tudo por de baixo do roupão. Toda de preto e
muito sensual. Não parava de dançar e olhar para os lados, parecia procurar
por algo. O Cantor desceu do palco e ela se aproximou.
- SIM, ELA VAI! ELA VAI!
Line ficou exaltada, não acreditava no que
estava vendo, seus olhos brilhavam refletindo os holofotes do palco. Ela não
ia apresentar nada, mas só a sua presença já era um show espetacular. Virou
os olhos para mim e eu desviei os meus.
- Bom... é, vamos ver no que ela é capaz,
vou pegar um drink. – desconversei.
- Trás um pra mim também.
Fui até o balcão, Hank enxugava alguns
copos.
- Quem é a morena? – perguntou.
- Uma amiga, veio-me ver apresentar, ela
gosta desses baratos eróticos, entende?
- Muito bonita pra ser amiga, cara, conta
outra.
- Me vê dois drinks, Mojito com gelo e
limão.
- Vai embebedar a garota, seu filho da puta.
- Ela esta compromissada. Tivemos um caso
uma vez, mas não deu em nada, prefiro ficar na minha Hank.
- Você está certo, mas eu te conheço Victor
– esticou o braço para pegar a garrafa – sei que não vai desistir.
- Me conhece melhor do que ninguém amigo.
Hank derramava
o liquido verde claro do Mojito. Vodka, limão, menta e run.
“Ooh I got a body full of liquor with a
cocaine kicker”. Olhei para o palco e Izabella não
tinha começado a se apresentar ainda, mas se preparava enquanto outro
cara cantava alguns improvisos de jazz com blues moderno.
“And I'm feeling like I'm thirty feet tall
So lay it
down, lay it down
You got your
legs up in the sky
With the devil
in your eyes
Let me hear
you say you want it all
Say it now,
say it now”
- Ei, cade minha bebida?
- Eu já estava
levando, baby.
- Quem é o seu
amigo barmen?
- Esse é o
Hank, Hank essa é Line.
- Prazer minha
querida, é uma honra receber mulher tão bonitas assim, ainda mais em uma
noite como essas, vai se apresentar também?
- Não Hank,
hoje não, vim só ver nosso amigo Victor gaguejando lá na frente.
- Vai rir bastante.
Pegamos nossas
bebidas e voltamos pro nossos assentos. A luz ficou mais tênue e avermelhada.
Todos em silêncio, com os olhos fixos e ansiosos para o palco.
O apresentador
segurou o microfone com firmeza, e de olhos fechados anunciou com vibração:
- PREPAREM OS
BOLSOS E OS CORAÇÕES, BEBAM TUDO O QUE PUDEREM, PORQUE A DRINK NIGHT CLUB
APRESENTA NOSSA NOVA GAROTA, IZABELLA!
Gritaram,
urraram e assoviaram.
TEC, TEC, TEC, TEC, os saltos se aproximavam, TEC, TEC, TEC.
Izabella estava
deslumbrante de sobretudo negro e saltos altos. O cabelo caia sobre seu
rosto, e ela andava como se não tivesse motivo nenhum para estar ali ou em
qualquer outro lugar. Seu rosto expressava sedução, era como se irradiasse
vibrações capazes de acabar com qualquer homem.
O baixo entrou
num solo épico e os passos de Izabella no pequeno palco do Night
Bar Club acompanhavam os acordes.
- Como ela
esta linda... – sussurrou Line.
Tomei um gole
do Mojito e respirei fundo. As luzes acendiam com suavizes para iluminar o
palco. Izabella trazia consigo uma garrafa de Whisky e bebericava a
cada passo.
TEC TEC TEC TEC.
O piano entrou junto com o baixo e Izabella parou no meio do palco.
Matou a garrafa e espatifou-a no chão. Os vidros se
despedaçaram
bem na sua frente. Olhou para um ponto fixo na platéia e se deitou sobre os
vidros.
- Uh.. uh...
aahh...uh...
A platéia
vibrou em silêncio. O espetáculo era diferente de tudo.
“Look what you doing, look what you've done
But in this
jungle you can't run
Cause what I
got for you”
Izabella se contorcia como uma cobra em
meio as cacos de vidros. Curiosos se levantavam de suas cadeiras para espiar
a misteriosa dançarina. A luz ficou clara e Izabella se
levantou, desceu uma barra de ferro no meio do palco e ela a agarrou.
Vermelho, roxo, verde, laranja, vermelho. As cores brilhavam no rosto
de Izabella.
Ela olhava para o baixista e sorria com desdém, ele parecia perdidamente
apaixonado pela sedução infalível da dançarina. De repente soltou o baixo e
correu para Izabella, que o empurrou pela barriga com os pés, tomando impulso
para a barra de ferro, e deslizou de cima para baixo, dando paradas com as
duas pernas abertas conforme o ritmo da música.
“I promise is a killer, you'll be banging on my chest
Bang bang,
gorilla”
- UUUHHHH, UHHMMM!!! UHH!!!
Todos uivaram Izabella. Ela seduzia
qualquer um que fosse. As notas foram caindo sobre o palco, nota atrás
de nota, não se podia contar quantos eram.
Izabella se desvencilhou da barra e
desceu do palco. As cabeças se arcavam para acompanhá-la.
TEC TEC TEC TEC TEC, se aproximou da nossa
mesa. Tomei outro trago. Line me olhava com cara de surpresa.
- Não pode ser, ela está vindo pra cá.
- É o que parece...
- O que a gente faz?
- Toma seu drink.
Esperei que chegasse. Izabella arrancou
os poemas da minha mão sutilmente e voltou para o palco. A orquestrava
tocava lentamente, no ritmo dos movimentos dela. As luzes ficaram
vermelhas. Izabella abriu outro Whisky e derramou nas paginas das
minhas poesias, acendeu um cigarro com filtro, soltou uma longa fumaça
azul para o alto. Guiei as curvas que elas faziam se desaparecendo dentro do
bar. Ascendi o meu cigarro, matei o copo, olhei para Hank e levantei o copo
vazio. Ele apontou para o palco.
Izabella deixou
cair seu cigarro nos papeis. O fogo iluminou o palco. Logo ela estava
brilhando novamente. A música acelerou o ritmo, o baixista tocava
desesperadamente e a luz piscava, piscava, piscava. Dinheiro caia sobre os
passos da dançarina. Ela andou com seu cabelo todo bagunçado e maquiagem
borrada até a ponta do palco, e fogos artificiais explodiram nas suas costas,
ela caiu de joelhos e abriu o sobretudo, revelando um corpo lindíssimo.
Todos foram a loucura. O bar era muito
pequeno para caber tanta excitação. Izabella encarou de longe Line e a chamou
com o dedo lentamente. Olhei para ela do meu lado e a vi se
levantando.
- Hoje é a minha noite. – disse ao sair.
Se juntaram e o fogo ainda queimava no meio
do palco. A dança ficou sensual e a orquestra seguia o ritmo das duas. A
platéia ficou ainda mais alvoroçada. Duas lindas mulheres enroscadas queimava
tudo por dentro.
Minha bebida chegou e tomei numa tragada só,
suava frio. As luzes acendiam e apagavam, em cada instante elas estavam em um
lugar. Notas e mais notas caiam sobre o palco e se juntavam ao fogo
deixando-o ainda mais alto e flamejante. Izabella roçava
os lábios nos da Line e tirava sua roupa, Line fazia o mesmo.
Lingerie preta e vermelha, era o que elas
usavam. Line escondia uma das bundas mais grandes e deliciosas que eu já
tinha visto, sua pele negra a deixava ainda mais tesuda. Seus lábios grossos
molhavam o pescoço de Izabella e a música foi aumentando de ritmo. O
fogo esquentava todo o bar e cada vez ficava mais alto, as notas eram
puxadas para ele como se tivesse imã.
As luzes piscavam, piscavam, piscavam, minha
vista começara a ficar turva e outra bebida chegou. Tomei num gole só e senti
descendo rasgando pela garganta.
-UUUHHH, UHHHMMM, UHHMM!!!
“Yeah I got a
fistful of your hair”
Todos estavam em êxtase.
“But you don't
look like you're scared”
Line agarrava-a pela cintura e a
beijava por inteira, enquanto Izabella jogava a cabeça para trás
deixando seu cabelo arrastar no chão. Line desceu a boca até os peitos e
então abriu o sutiã com os dentes. Izabella fez o mesmo e as duas revelaram
lindos seios pontudos. Um rosa e outro moreno.
“You're just
smiling telling me daddy it's yours”
Gritaram com muita excitação. Outros ficaram
preocupado com o fogo que não parava de se alastrar pelo palco.
“Cause you
know how I like it
Use a dirty
little lover
If the
neighbors call the cops, call the sheriff
Call the swat
we don't stop, we keep rocking”
Fixei meus olhos nas duas. Elas
estavam na mesma sintonia. O fogo tomou o palco e começaram a abandonar o
bar. A madeira pegava fogo muito rápido e a banda intensificou na música, que
não parava, simplesmente não parava, era um Blues misturado com Jazz
divino.
O saxofonista entrou em cena pulando o fogo.
Vestia um terno amarelo e seu sax dourado e bem lustrado refletia lindamente
as chamas, ele se esforçava o maximo que podia para arrepiar com a noite,
enquanto elas se deliciavam completamente nuas e suadas por detrás das
grandes chamas.
- FOGO!!! FOGO!! VAMOS MORRER!! FOGO!!!
Gritavam, corriam, se atropelavam. Hank
lavava alguns copos para preparar novas bebidas. Nos cantos do bar ainda
tinham alguns caras de chapéu e expressão fechada no rosto, bebendo e fumando,
não se preocupavam como os outros, admiravam as garotas, o som e as chamas.
Tomei minha última dose e me levantei, fui
até o palco e me juntei a elas. Izabella me deu um beijo suave no canto
da boca e se juntou ao saxofonista. Line me olhou e agarrou minha
camisa, puxou com uma força descomunal e a abriu, caiu de joelhos e baixou
com tudo minhas calças. Suspirei, ela engoliu-o. Agarrei na sua nuca. O fogo
queimava, Line molhava, o sax gritava e Izabella se contorcia
sobre o instrumentista.
Deitei Line
suavemente na madeira e a penetrei. Ela arranhava minhas costas, a musicava
ficara rápida novamente, as chamas estalavam, o fogo nos derretia, a noite
brilhava silenciosamente. Em alguns instantes não se podia ouvir mais nada,
apenas o fogo consumindo tudo, e nossos corpos suados sem atrito algum, num
vai e vem intenso.
“I promise is
a killer, you'll be banging on my chest
Bang bang,
gorilla”
Fechei os olhos, tudo continuava
iluminado, meu corpo penetrava o âmago da alma de Line. O fogo nos cobria, a
música atravessava nossos ouvidos, o álcool percorria nossas mentes, e tudo
era selvagem e quente como num vulcão explodindo em erupção. Eu explodia.
Explodimos e nos desfizemos em cinzas, desejo e paixão.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário