Embriagados em Blues
O piso de madeira rangia, mas o som
era ainda mais alto, a falecida Amy tocava nossas almas enquanto dançávamos
no chão feito cobras de baixo do sol escaldante do deserto, mas que estranho,
lá fora fazia 18º, e nós no chão se despindo. Bebendo (?), enquanto eu me
perguntava “You Know I'm No Good?”. Sem respostas, Santana só
conseguia forças para sorrir e beber, nada mais.
Cada trago na sua cerveja com
gosto salgado era um flash. FLASH! FLASH! FLASH! O que tinha restado de nós?
Nos entregamos aos desejos carnais.
- Me passa um vinho, odeio essa
cerveja. – eu disse.
- Acabou... só tem dessa cerveja
ruim – ergueu a latinha amassada para o alto – vai ter que beber.
- Eu vou ir buscar vinho no
posto.
Me levantei apoiando na
geladeira, fiquei de pé e arrumei meu blazer, senti alguma coisa me segurando
pela perna, olhei para baixo com a vista meio turva.
- Fica... não vá, tenho... uma
surpresa pra você.
- Humm, que surpresa, baby?
- Vai pro quarto.
Deixei a cozinha, Santana, Blues
e Amy e subi para o quarto. Me sentei na beirada da cama e passei os dedos
nos olhos, queria minha visão de volta. O quarto estava escuro, só a luz do
corredor que iluminava a casa. Vi a sombra dos peitos pontudos se
aproximando, eles vinham flutuando em ternura e sedução, a sombra não era
negra, tinha cor de fogo, que subiu desde os pés desnudos passando pelas pernas
douradas, seguindo lentamente e faiscante pelo quadril. Os cabelos balançavam
pra frente e pra trás, a porta estava aberta na medida certa para ela passar
com seu magnífico corpo.
Me arrastei de frente apenas com
as mãos para o meio da cama e juntei com dificuldade os travesseiros, me
apoiei neles e fiquei esperando, esperando, esperando, esperando, o Blues
tocando lá de baixo, subindo junto com o fogo, entrando nas paredes e percorrendo
todos os cômodos.
O contra baixo em sintonia com o
piano, uma perna de cada vez, de salto alto, nua como veio ao mundo, cabelos
soltos, olhos semicerrados, boca seca. Era assim que Santana se apresentou
prostrada na porta, com o vinho na mão, uma das suas melhores safras.
- Onde estão as taças, baby?
- Fica... quietinho...
Ela se aproximou com paixão no
olhar, seus passos eram mais rápidos e confiantes. Deslizou sobre a ponta da
cama e esticou a garrafa na minha boca. Me estiquei para bebericar mas
Santana puxou de volta e deu um pequeno gole, deixando escorrer por seus
lábios o liquido deliciosamente, percorrendo seu pescoço, descendo para os
seios, molhando o bico pontudo e rosa.
- Eu acho que derramei... como
eu sou desastrada...
- Não se preocupa, eu dou... um
jeito.
Me estiquei novamente e alcancei
as costas de Santana, agarrei-a e abri a boca em direção ao seu bico pontudo
e rosado, quando minha língua estava sentindo o suave toque do seu corpo, ela
se desvencilhou de mim, se encostando na parede, como se um vento muito forte
a tivesse soprado-a.
- Não, baby, não fuja de mim. –
reclamei com a voz mole.
Tentei ficar de pé, cambaleei,
olhava fixamente para o corpo escultural de Santana e para a garrafa divina
de vinho. Precisava tomar as duas.
- O que... você quer? Escolhe...
– propôs Santana.
Fixei bem os olhos, pensei,
pensei, pensei, na verdade não conseguia pensar em nada, apenas tinha cede.
Santana deu mais um gole no gargalo, vi sua mandíbula se movimentando,
deixando que o álcool transitasse por sua garganta, e novamente mais
respingos escaparam pelos seus lábios e desceram contornando seu corpo
dourado.
- Vocês estão se misturando, vou
ficar com as duas... de uma vez.
- Não... isso não vale.
Num ataque furtivo, consegui
pegar a garrafa das mãos malvadas de Santana, levei até a boca, mas lembrei
do que ela propôs. O vinho ou ela? Que decisão difícil, assim ela me mataria.
Baixei a mão, Santana se
contorcia cheia de tesão na parede, era como se tivesse contra-sentando a
cena mais erótica que esse quarto já viu. A luz via como nós estávamos nos
derretendo de ternura.
Um clarão lá fora tomou minha
atenção, estava prestes a chover. Santana jogou seu corpo contra mim e caímos
na cama. Levantei a garrafa para não derramar como um bom bêbado. Respingou
no meu rosto e deixei que escorresse até meus lábios, Santana lambeu e secou
tudo o que derramou. Afastou o rosto de mim e quando seus olhos se
enquadraram no meio da minha visão eu a vi na sua melhor fase, com os olhos
negros e profundos, o rosto brilhando e os lábios avermelhados.
Ela os mordia, deixando ainda
mais intensos e vermelhos como sangue. Enquanto o meu sangue fervilhava e
transbordava em suar nos meus poros. Santana montou na minha cintura e tomou
a garrafa, eu nada mais podia fazer. Fiquei olhando ela levantar e inclinar o
vinho, ele jorrou na minha boca, espirrando no meu peito e na barriga.
- É assim que se faz... – disse
ela – minha surpresa.
Santana se abaixou e derramou
mais vinho no meu corpo, mas ao mesmo tempo sugava tudo com sua boca
vermelha. Seus lábios macios chupavam todas as gotas pela minha pele. Mordia
quando sentia vontade, eu a manejava pela nuca.
Santana terminou de me secar e voltou a sentar,
mas agora era o seu ato final. Levantou a garrafa com as duas mãos e derramou
em seu corpo. Escorreu em nós dois, em segundos ficamos molhados e seu
quadril se encaixou no meu.
A lua nos via lá de fora, a cama pressionava o piso de madeira
que rangia mais do que os cachorros rugiam na rua. Amy estaria nos vendo de
alguma estrela lá em cima. Nos vendo dançar conforme sua música “Wake up
alone”.
Santana mexia tão bem que o efeito do álcool foi passando aos poucos,
abracei-a e dei-lhe um beijo, para sentir o gosto do nosso vinho, da nossa
noite e da nossa embriagues.
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