segunda-feira, 1 de junho de 2015

Lançamento de A Culpa é Minha!! - Conto Feito Fumaça


Este é o lançamento do meu sexto livro, quero agradecer aos meus 27 mil leitores e seguidores!!


Feito fumaça
Eu sou feito fumaça, queimo tão quente na brasa e subo para o céu e me disperso no ar, mas antes de sumir alguém me inala, e isso faz mal ao pulmão e também ao coração. Me desfaço continuamente na atmosfera sumindo diante dos olhos, mudando do cinza para o branco e então transparente, a cor da distancia e da saudade. Inexistente ao contato físico.

     Você deve ter se divertido enquanto me ensinava sem notar o que era intensidade. Aprendi a tragar o cigarro num quarto de motel ao seu lado, naquela noite de quinta-feira cansativa, e tão única por ser a nossa quinta. Ficamos juntos a noite toda e ter acordado com o seu bom dia mudou tudo no meu pensamento. Te senti  bem mais aqui dentro, e sozinho na rua eu cantava e ensaiava passos de valsa ou qualquer outra dança contemporânea que fosse agarrado em ti.

     Você era a minha metade, e sempre continuará sendo, e isso eu soube no momento em que colocou sua mão suavemente sobre minha perna, e disse com palavras doces que tudo ficaria bem, e que naquele momento eu estava em boas mãos.

     Ah, mas eu acreditei, de corpo e alma me entreguei a mercê dos seus súbitos caprichos que eram tão poucos, quase inexistentes. Sereia sem calda, de água doce e estridente. Fui hipnotizado pelo seu cantar, me chamou convidando para entrar no mar e como o boto cor de rosa me afogou sem piedade.

     Ah, que morte tão desejada. Prazeres, prato quente de janta depois de um porre daqueles, me forrava o estomago e abraçava o resto do corpo externo. Por dentro era puro fel e por fora um apaixonado sagaz.

     Conheci tantas mulheres, mas é como só ela tivesse me conhecido, me trouxe e prendeu em um paradoxo chamado raio de sol no meio da noite. Longas e profundas noites, ao mesmo tempo tão poucas, madrugadas acordadas e hoje vazias e isoladas. Ao mesmo tempo em que me preencheu conseguiu me esvaziar e nenhuma culpa teve, afinal, quem é que manda no coração?



     Eu que dizia que nunca me apaixonaria, que só me deitaria com rostos e em outros abraços me satisfaria pelo tempo necessário para um peito magoado ficar acalmado, mas não, errei nas previsões e entreguei-me as emoções desse amor devastador, ou melhor, avassalador. Agora vou, vou queimar e voar, sumir no ar, se distanciar e se apagar no esquecimento, assoprado ao relento, sou fumaça ao vento.

É vida, um dia ainda te pego.



Este é um fragmento do livro a culpa é minha!


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